Conselho de classe
PROFESSORA GLÁUCIA AUXILIADORA
Afirmava Heráclito, um grande filósofo:
“um homem não pode entrar duas vezes em um mesmo rio, porque ao voltar lá , o homem não é o mesmo e nem as águas do rio ”.
... é uma reunião na qual supervisores, orientadores, professores e alunos discutem e refletem acerca da aprendizagem, seus desempenhos e avaliações.
Conselho de classe: momento...
Conselho de classe... Importância:
instrumento fundamental no processo de avaliação da aprendizagem e do processo de ensino.
SCHMITZ (1984) CONSIDERA:
O Conselho de Classe como o organismo que integra as avaliações parciais já realizadas pelos professores, individualmente em suas disciplinas, no decorrer do ano letivo.
“Nenhum educador tem condições de avaliar totalmente os seus alunos, isoladamente.”
ORIGEM DO CC NO BRASIL
Sua implantação advém da necessidade sentida pela comunidade escolar, supondo uma função de cunho essencialmente pedagógico, buscando auxiliar o processo avaliativo a partir da necessidade de maior conhecimento do aluno.
CONSELHO DE CLASSE: elemento básico da gestão democrática
GESTÃO DEMOCRÁTICA
Citada na LDB 9394/96 garante à equipe pedagógica e aos professores da escola o direito de estabelecer os princípios, finalidades e objetivos de seu Conselho de Classe e dos outros mecanismos que a possibilitam.
O conselho deve:
orientar o professor na avaliação permanente de cada aluno
analisar as causas do baixo e alto rendimento das turmas
criar condições de assistir os alunos com baixo rendimento
aperfeiçoar o trabalho cotidiano do professor
contribuir para desenvolver a avaliação contínua do próprio trabalho do professor
avaliar a própria escola
traçar metas para que as mudanças sugeridas sejam efetivamente realizadas.
participar do cc pressupõe...
Um dia sem aula Para quê???
Se no Conselho de Classe os responsáveis passam horas reunidos apenas citando nomes, notas ou conceitos e registrando um parecer descritivo, padronizado?
*Formulários/ Ausência
Um conselho de classe antipedagógico
Observação:
A situação Conselho de Classe Antipedagógico foi lida de forma dramatizada:
Um Conselho de Classe antipedagógico
A escola onde realizei a pesquisa possui quatro turmas do Ensino Médio: 1º A, 1º B, 2º e 3º anos.
O COC teve início às 11h20 da manhã com a previsão para terminar ao meio dia, ou seja, apenas 40 minutos para realizar um COC de quatro (4) turmas com 114 alunos. Os professores e professoras já estavam cansados/as e demonstravam inquietações, pois estavam na escola desde às 7 h da manhã de sábado em uma reunião pedagógica e, em seguida, participaram do COC do Ensino Fundamental, pois também lecionavam neste nível de ensino. O coordenador do Ensino Médio não se fez presente.
A professora que coordenava este COC assim se expressa ao iniciar o Conselho: o Conselho vai começar pelo 3º ano e vai ser 10 minutos para cada turma. Compactuando com a proposta da professora, um professor concorda dizendo: nada de ficar discutindo aluno por aluno. A coordenadora do COC deixa claro que só interessa saber a nota, se fechou ou não, quem conseguiu média ou não.
O COC procede da seguinte forma: a coordenadora do conselho diz o nome de um aluno e de todas as disciplinas, uma a uma, e o/a professor/a da disciplina chamada diz: ok; ótimo/a; ficou; não fechou ainda; eu acho que não vai conseguir; ainda não fechei a média; passou; ficou de recuperação, etc. E o conselho continua. Algumas frases que surgiram no momento dedicado a cada uma das séries quando a coordenadora do COC lia o nome de cada aluno.
2º ano
- (E) - Conversa muito, tem que separar do grupo de conversadores;
- (F) – Ai, meu Deus!;
- (G) – Menina nota 10. Não é só nota, é como pessoa!;
- (K) – Tirou zero em Arte. Neste momento uma professora reclama deste zero em Arte e diz: a K é uma das melhores atrizes da escola, como pode tirar zero em Arte? A resposta vem rápido: ela não entregou dois trabalhos e um estava muito malfeito. Nada mais se falou sobre o assunto.
- (M) – Maravilhosa, divina, estupenda, ótima em tudo;
- (PN) – A melhor aluna da sala;
- (S) – Dá até pena essa guria!
No final do COC do 2º ano, um professor diz: gente, vocês perceberam que em Sociologia foi um arraso? Uma professora diz: na minha disciplina também. Logo outra professora interpela os dois: gente, 2º grau é assim mesmo! Vamos ver a questão da nota, não precisa ficar justificando aluno por aluno. Depois cada um toma as providências em relação às notas, ao que fazer.
1º B
- (E) - Ótimo, não precisa nem falar nada;
- (JP) – Melhorou depois que eu dei uma prensa nele. Perguntei quando é que ele vai criar jeito de homem;
- (V) – Passou comigo... não sei... deve ter colado.
1º A
- (C) – Em Sociologia, ele não vão conseguir;
- (G) – Ai, gente! O que aconteceu com a G? Alguém sabe explicar? Esperei para ver se alguém estava disposto a conversar sobre o assunto, mas ninguém se propôs a discutir esse caso e, imediatamente, passaram para outro aluno. Percebi a cara de desânimo da professora que tentou puxar assunto sobre a G.
Nisto que os/as chamam de COC, somente as notas baixas dos alunos estão sendo registradas pela coordenadora do Conselho. Não se discute o que o aluno não está compreendendo e porque não compreende. Cada professor/a já está com o seu conceito pronto e apenas o comunica aos demais professores e professoras e à pessoa que está coordenando o COC, o resultado que o aluno obteve. Como ficou evidente nas falas, os/as professores/as apenas deixaram transparecer seus agrados e desagrados em relação aos alunos.
Gama (1997), diz que num COC, é interessante estar atento aos juízos valorativos que são emitidos, pois eles indicam o que efetivamente é valorizado pelos professores e o que a turma deve ser.
O que os/as professores/as demonstram e valorizam em seus alunos neste COC?
Valorizam o silêncio deles: ... tem que separar do grupo de conversadores; conversa muito. Valorizam uma disciplina rigorosa: melhorou depois que eu dei uma prensa nele. Valorizam a nota:... vamos ver a questão da nota, não precisa ficar justificando aluno por aluno; nota azul; zero em Sociologia; menina nota 10; vem se arrastando! Valorizam o aluno ideal: maravilhosa, divina, estupenda, ótima em tudo; foi a filha que eu pedi a Deus; a melhor aluna da sala.
Zacarias gama diz:
...é interessante estar atento aos juízos valorativos que são emitidos, pois estes indicam o que efetivamente é valorizado pelos professores e o que a turma deve ser.
O QUE FOI VALORIZADO????
Silêncio dos alunos: “...tem que separar do grupo de conversadores”.
Disciplina rigorosa: “...melhorou depois que dei uma prensa nele”.
Valorização da nota: “...vamos ver a questão da nota, não precisa ficar justificando aluno por aluno; nota azul; zero em Sociologia; menina nota 10; vem se arrastando!”
Aluno ideal: “...maravilhosa; estupenda; ótima em tudo; divina; foi a filha que eu pedi a Deus; a melhor aluna da sala”.
O MITO DO ALUNO IDEAL
Autônomo
Disciplinado
Tranquilo
Atento
Participativo
Comprometido
Inteligente
Sério
Organizado
Segundo lihire (1997)...
DESEJO DA ESCOLA: aluno culto, curioso, que consegue abstrair, compreende o que lhe foi dito, não precisa de explicações, não tem problema de pronúncia, tem escrita legível, tem uma boa expressão oral e escrita, gosta de ler...
O que são “esquecidos” no cc?
Diagnóstico
Aconselhamento
Soluções alternativas
Programas de recuperação
Reformulação de objetivos
Mudanças de comportamento
Apoio
Envolvimento
Incentivo
CONSELHO DE CLASSE
MOMENTO DE REFLEXÃO PARA ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS E A APRENDIZAGEM DO ALUNO
CONSELHO DE CLASSE OU DIA
DAS BRUXAS???
"Dia do Haloween!“
Apresentamos personalidades de BRUXOS E BRUXAS!
É chegado o Dia da Inquisição! O espetáculo inicia-se e os Alunos começam a ser JULGADOS"!Deste Horrendo Júri poucos escapam ilesos! Absolvição neste momento é algo Surreal!
A palavra final sempre fica com o IMPIEDOSO Júri que sem Misericórdia e nenhuma Compaixão quase sempre lança ao "Mundo doloroso das chamas" os Réus, que neste caso, são representados por alguns "Infortunados alunos!"
O VEREDITO quase nunca é diferente! " Culpado!Culpado! Culpado!"
avaliar a própria escola e os professores
VOCÊ GOSTARIA DE TER UM PROFESSOR IGUAL A VOCÊ?
De que forma as suas aulas levaram os alunos a desenvolverem as competências propostas?
Em quais momentos/circunstâncias o aluno não alcançou os objetivos propostos?
Que tipo de participação suas aulas proporcionaram aos alunos?
Em suas aulas, o que determina o sucesso da tarefa discente?
FICHA DO CONSELHO DE CLASSE 5ª SÉRIE – 1º BIMESTRE - 2009
Perfil da classe:
Turma sem compromisso com os estudos, falta de interesse e falta de união. Os alunos também são individualistas, apáticos e imaturos. São poucos os que gostam de participar das aulas. Falta também mais pontualidade na entrega de atividades, tarefas e trabalhos.
Aprendizagem:
Os alunos com dificuldades na aprendizagem são: Maria Carolina Albano Bezerra, Pedro Paulo de Queiroz Dacroce, Larrhony Alexandrino de Lima e Mateus Araujo Luzardo Dias Leite.
Elogios:
Os alunos para elogios são: Gabriel Chiréia, João Vitor Bezerra Martins, Ana Manoela Cavalheiro Arruda e Ester Costa e Silva.
Disciplina:
Os alunos indisciplinados são: Yuri Klein, Álvaro Ramalho de Castro, Vinicius Silva Costa, Lucas Almeida Botti e Fauze Samir Laila.
Estratégias:
Rever mapa de sala com remanejamento de alguns alunos; os professores de Filosofia e Ensino Religioso devem trabalhar mais a questão do coletivo e elaborar um projeto social (visita em creches) no intuito de sensibilizar os alunos quanto à valorização do próximo.
REFLEXÃO
Da forma como são realizados os nossos conselhos de classes, eles de fato promovem uma aprendizagem mais eficiente para os nossos alunos?
“Mudar é difícil, mas é possível!” Freire
Um Conselho de Classe antipedagógico
A escola onde realizei a pesquisa possui quatro turmas do Ensino Médio: 1º A, 1º B, 2º e 3º anos.
O COC teve início às 11h20 da manhã com a previsão para terminar ao meio dia, ou seja, apenas 40 minutos para realizar um COC de quatro (4) turmas com 114 alunos. Os professores e professoras já estavam cansados/as e demonstravam inquietações, pois estavam na escola desde às 7 h da manhã de sábado em uma reunião pedagógica e, em seguida, participaram do COC do Ensino Fundamental, pois também lecionavam neste nível de ensino. O coordenador do Ensino Médio não se fez presente.
A professora que coordenava este COC assim se expressa ao iniciar o Conselho: o Conselho vai começar pelo 3º ano e vai ser 10 minutos para cada turma. Compactuando com a proposta da professora, um professor concorda dizendo: nada de ficar discutindo aluno por aluno. A coordenadora do COC deixa claro que só interessa saber a nota, se fechou ou não, quem conseguiu média ou não.
O COC procede da seguinte forma: a coordenadora do conselho diz o nome de um aluno e de todas as disciplinas, uma a uma, e o/a professor/a da disciplina chamada diz: ok; ótimo/a; ficou; não fechou ainda; eu acho que não vai conseguir; ainda não fechei a média; passou; ficou de recuperação, etc. E o conselho continua. Algumas frases que surgiram no momento dedicado a cada uma das séries quando a coordenadora do COC lia o nome de cada aluno.
2º ano
- (E) - Conversa muito, tem que separar do grupo de conversadores;
- (F) – Ai, meu Deus!;
- (G) – Menina nota 10. Não é só nota, é como pessoa!;
- (K) – Tirou zero em Arte. Neste momento uma professora reclama deste zero em Arte e diz: a K é uma das melhores atrizes da escola, como pode tirar zero em Arte? A resposta vem rápido: ela não entregou dois trabalhos e um estava muito malfeito. Nada mais se falou sobre o assunto.
- (M) – Maravilhosa, divina, estupenda, ótima em tudo;
- (PN) – A melhor aluna da sala;
- (S) – Dá até pena essa guria!
No final do COC do 2º ano, um professor diz: gente, vocês perceberam que em Sociologia foi um arraso? Uma professora diz: na minha disciplina também. Logo outra professora interpela os dois: gente, 2º grau é assim mesmo! Vamos ver a questão da nota, não precisa ficar justificando aluno por aluno. Depois cada um toma as providências em relação às notas, ao que fazer.
1º B
- (E) - Ótimo, não precisa nem falar nada;
- (JP) – Melhorou depois que eu dei uma prensa nele. Perguntei quando é que ele vai criar jeito de homem;
- (V) – Passou comigo... não sei... deve ter colado.
1º A
- (C) – Em Sociologia, ele não vão conseguir;
- (G) – Ai, gente! O que aconteceu com a G? Alguém sabe explicar? Esperei para ver se alguém estava disposto a conversar sobre o assunto, mas ninguém se propôs a discutir esse caso e, imediatamente, passaram para outro aluno. Percebi a cara de desânimo da professora que tentou puxar assunto sobre a G.
Nisto que os/as chamam de COC, somente as notas baixas dos alunos estão sendo registradas pela coordenadora do Conselho. Não se discute o que o aluno não está compreendendo e porque não compreende. Cada professor/a já está com o seu conceito pronto e apenas o comunica aos demais professores e professoras e à pessoa que está coordenando o COC, o resultado que o aluno obteve. Como ficou evidente nas falas, os/as professores/as apenas deixaram transparecer seus agrados e desagrados em relação aos alunos.
Gama (1997), diz que num COC, é interessante estar atento aos juízos valorativos que são emitidos, pois eles indicam o que efetivamente é valorizado pelos professores e o que a turma deve ser.
O que os/as professores/as demonstram e valorizam em seus alunos neste COC?
Valorizam o silêncio deles: ... tem que separar do grupo de conversadores; conversa muito. Valorizam uma disciplina rigorosa: melhorou depois que eu dei uma prensa nele. Valorizam a nota:... vamos ver a questão da nota, não precisa ficar justificando aluno por aluno; nota azul; zero em Sociologia; menina nota 10; vem se arrastando! Valorizam o aluno ideal: maravilhosa, divina, estupenda, ótima em tudo; foi a filha que eu pedi a Deus; a melhor aluna da sala.
Todo conselho de classe deveria ser assim, mas não é o que acontece na realidade.
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